segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O espírito da coisa… (continuação)

A caixa de recordações de Dominique Bretodeau.


A caixa de Bretodeau - Parte II Disponível em:http://www.youtube.com/watch?v=Jv7RDIputbs&feature=related

O espírito da coisa…


Não é que o admire particularmente, mas em Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain (Jean-Pierre Jeunet, 2011) não me deixou indiferente o apólogo que rodeia a caixa de recordações de Dominique Bretodeau. Talvez ilustre melhor o que as palavras não são suficientes para expressar.

A caixa de Bretodeau - Parte I Disponível em:http://www.youtube.com/watch?v=xqdT4aZHxR4&feature=related

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Em jeito de Apresentação: O Louvre, a arca da minha avó e outras velharias



Pirâmide do Louvre (vista do interior), © coisas da @rca da velha, 2011

Coisas da arca da velha são aqueles objetos que acordam as memórias e avivam as emoções.

Arca, © coisas da @rca da velha, 2011
Pequenos e grandes, indispensáveis ou insignificantes, nobres ou triviais, expostos em museus ou conservados no pó dos sótãos ou talvez resguardados nas arcas das nossas avós, tias, madrinhas e afins, só existem de facto se nos lembrarmos deles, se os observarmos, se os manusearmos, se os questionarmos:
“O que é isto?”
“Como é que esta geringonça funciona?”
“Quem se lembrou de guardar tanta tralha?”
“Isto presta? Hum… Guardo ou queimo?
E lá estão… Tarecos e tarecas de todos os feitios e materiais, cobertos de pó, ferrugem e outros óxidos, envolvidos em teias de aranha ou povoados de carunchos, gorgulhos e outros bichos da madeira – estes, sim, dão-lhes alguma utilidade –, amontoados em lojas de velharias, pendurados uns nos outros, quais instalações artísticas… Afinal, a arte está onde os olhos a querem ver. Às vezes espanta, às vezes choca, tantas vezes passa despercebida.
Nisto, a quinquilharia que o tio-avô do meu pai se esqueceu numa lata – e digo esqueceu porque, se a morte fosse um ato inconsciente, ele tê-la-ia levado consigo – é tão digna como as relíquias dos museus. Era importante para ele, foi acarinhada pelo meu pai, confesso que me desperta alguma curiosidade. E depois? Por este andar duvido que mais alguém volte a pegar na lata. É tal e qual os museus cujas coleções são protegidas pelos seus curadores, valorizadas por meia dúzia de seguidores, visitadas por meia dúzia de fãs. E depois?
Nisto, tanto faz falar da meia dúzia de centenas ou milhares de visitantes que todos os dias entram no Louvre como daquela meia dúzia, sem tirar nem pôr, que semanalmente transpõe a porta do pequenino Museu Municipal de Estremoz, sem desprimor para este último, posto que cada um, à sua dimensão, tem sempre significado para alguém. Mas nenhum dos dois o tem, da mesma forma, para todos.